Por Guilherme Paladino

Alexandre de Moraes: presidente do TSE na eleição mais desafiadora desde a redemocratização

Por Leonardo Lucena

Em 16 de agosto, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, assumiu a presidência do Tribunal Superior Eleitoral para liderar a eleição mais desafiadora da história recente do país

O contexto turbulento se dá pois o atual chefe do Executivo, Jair Bolsonaro, adota um discurso golpista, intensificado recentemente com questionamentos institucionais às urnas eletrônicas

Bolsonaro, inclusive, tem Moraes como um inimigo. Já chamou o ministro de “canalha” e até mesmo protocolou um pedido de impeachment contra ele, de quem alega sofrer uma “perseguição implacável”

De fato, o perfil do novo presidente do TSE é mais ‘linha dura’, especialmente na condução de inquéritos. Não à toa, após formar-se em Direito na USP, foi direto para o Ministério Público de SP, em 91

Também ocupou cargos políticos em SP, sendo indicado por Alckmin às secretarias de Justiça (2002-05) e de Segurança Pública (2015-16), e à pasta municipal dos Transportes (2007-10) por Gilberto Kassab

Já em 2016, chegou ao governo federal como ministro da Justiça de Michel Temer. Menos de um ano depois, com o falecimento do ministro Teori Zavascki, do STF, Moraes foi indicado para substituí-lo

A oposição via Moraes com desconfiança devido sua trajetória no PSDB e à proximidade com Temer. A truculência da PM sob seu comando em SP e boicotes à Funai como ministro também eram citados

No entanto, após a chegada de Bolsonaro ao Planalto, o ministro assumiu protagonismo, liderando investigações envolvendo o chefe do Executivo e seus aliados

Moraes relata 4 inquéritos contra Bolsonaro: das fake news; da interferência na PF; do vazamento
de investigação sobre ataque hacker
ao TSE; e de associar vacina
da Covid ao HIV

Na condução destas investigações, o ministro já mandou prender importantes aliados de Bolsonaro, como o blogueiro Allan dos Santos, o ex-deputado Roberto Jefferson e o deputado federal Daniel Silveira

Quanto às eleições, ele mantém o rigor: no TSE desde 2020, já cassou o deputado estadual recordista de votos no PR Fernando Francischini por ter dito, no Facebook, em 2018, que as urnas eram fraudadas

Além disso, já anunciou que as redes sociais serão tratadas como meios de comunicação tradicionais e posicionou-se firmemente contra a política bolsonarista de disparos de fake news em massa

O ministro também proibiu publicações mentirosas de bolsonaristas associando o PT e o ex-presidente Lula ao assassinato de Celso Daniel e ao PCC: “liberdade de expressão não é liberdade de agressão!”

Em sua cerimônia de posse na presidência do TSE, o ministro contou com as presenças, além do próprio Bolsonaro, de nomes como Lula, Temer, José Sarney e Dilma Rousseff

Moraes mandou recados diretos aos ensaios golpistas de Bolsonaro: defendeu as urnas eletrônicas e afirmou que a Justiça será “célere, firme e implacável” para combater abusos e fake news nas eleições

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