Por Guilherme Paladino

Bruno Pereira, um dos maiores indigenistas do nosso tempo

Por Leonardo Lucena

Bruno ingressou na Funai em 2010. Lá, foi coordenador da região do Vale do Javari até 2016 e, em 2018, tornou-se coordenador geral de indígenas isolados e de recente contato

Na Funai, o indigenista se aproximou de diversos povos do Vale do Javari, como os Matis, Matsés, Marubo, Kanamari e Kulina. Foi considerado como o não nativo com maior conhecimento da região

Bruno foi exonerado durante a gestão de Moro no Ministério da Justiça, em 2019, após liderar uma megaoperação de combate ao garimpo ilegal na região, destruindo 60 balsas e afastando criminosos

Desde o início do governo Bolsonaro, a Funai vem sendo cooptada por políticos ruralistas que querem explorar a Amazônia. Neste contexto, a pressão para derrubar Bruno teve efeito

Fora da Funai, onde tinha que lidar com pressões do agronegócio, o indigenista deu continuidade ao trabalho na região como consultor técnico da União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja)

Com o aumento de invasões na região, causado pelo descaso completo do governo federal, a Univaja tinha como prioridade máxima organizar a defesa do território. Bruno foi um
reforço nessa luta

Com o auxílio de drones, o indigenista documentava as invasões, as ameaças e os crimes cometidos por garimpeiros, pescadores e todos que exploravam os recursos da área

Por anos, as autoridades receberam denúncias de Bruno sobre atividades ilegais no Vale do Javari: desmatamento, garimpo, narcotráfico... Nada foi feito para evitar o apossamento
da região pelo crime

Em sua trajetória, o indigenista fez mais de 10 longas expedições no Vale do Javari, além de ter intermediado situações de contato com grupos isolados. Ele se comunicava em quatro línguas indígenas

A Univaja o qualificou como “maior referência indigenista em atividade para assuntos referentes ao Vale do Javari, sobretudo para questões territoriais e as relações históricas e políticas da região”

A perda de Bruno Pereira representa um grave atentado à luta pela defesa da Amazônia, dos povos indígenas, dos direitos humanos e da justiça

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