Por Juca Simonard
O avanço e a crise da Otan na África
Por Leonardo Lucena
Com a guerra na Ucrânia, a Otan está no centro da situação política internacional, sustentando o regime ucraniano contra a operação militar russa
Criada em 1949, sob o pretexto de se defender da URSS, a Otan passou a atuar cada vez mais ofensivamente, promovendo diversas guerras ao redor do mundo
Além da expansão para o leste europeu, contra os russos, e de operações no sul asiático, contra a China, a aliança militar também aumentou sua presença na África
Em 2011, bombardeou a Líbia para derrubar o governo de Muammar al-Gaddafi. Hoje o país está completamente destruído e é um foco de tráfico de escravos
Mas apesar de ter sido a primeira grande operação, a ascensão da Otan na África é anterior ao bombardeio na Líbia
Ainda nos anos 50, a organização criou forças especiais – AFSOUTH e AFMED – no Sul da Europa para conter a presença soviética e nacionalista no Norte africano
A partir de 2005, a Otan passou a cooperar com a União Africana (UA), operando no Sul do Sudão – atualmente dividido do restante
do país
Em 2008, os EUA criaram o Africom, com sede na Alemanha, para realizar suas operações na África
A guerra na Líbia levou a conflitos regionais na Argélia, no Níger e no Mali – este último onde a França interveio militarmente em 2013
Em 2014, a Otan criou o Plano de Ação de Prontidão, que serviu como “motor da adaptação militar ao ambiente de segurança em constante mudança”
A organização reforçou os laços com a UA e criou uma Força Africana de Alerta, iniciando o processo de formação de oficiais das forças militares africanas
O avanço da Otan na África, no entanto, tem enfrentado resistência. Recentemente, o Mali decidiu expulsar os militares franceses do país
Da mesma forma, diversos países africanos, como Argélia, África do Sul, Angola e Etiópia, negaram-se a seguir a política dos EUA contra os russos em relação à guerra na Ucrânia
Para esses países, o enfrentamento da Rússia contra a Otan na Ucrânia significa também um enfraquecimento do poder da entidade no continente africano
A Otan perdeu no Afeganistão após 20 anos e está perdendo na Ucrânia, onde deu um golpe em 2014. Para alguns países africanos, isso é uma oportunidade para derrotá-la